Quinta noite
Assim
que os pais de Beatriz saíram, os brinquedos pularam para a sua cama e a
acordaram.
_ Vamos, Be, nós temos uma surpresa
para você hoje. Você irá reencontrar outro ente do reino da fantasia muito
especial. Disse o carrinho de plástico. Você já a conheceu, mas passaram pouco
tempo juntas e ela te adorou!
_ É eu também acho que você vai gostar
mais ainda dela, sabe a boneca de Pano e Palha?
_ A que mora no Faz de Conta??? Eu a
adoro!! Disse Beatriz. Eu estava mesmo louca pra reencontrá-la.
_ Ela mesma, afirmou um ioiô
encantado, que sorria para ela, e logo deu em salto do armário para a sua cama.
A
Boneca Linda lhe deu um belo vestido rosa de florzinha e pediu que ela o vestisse.
A carruagem da Princesa Rinderá já estava à espera deles e os levariam para
encontrar Lulu, o Conde Sábio, um bibliotecário, e escritor, apesar de ser um
elefante, e toda a turma da Fazenda do Faz de Conta, além da boneca.
Logo que chegaram à fazenda, Vovó e Vovó
vieram recebê-los. E aos poucos todos os moradores da Fazenda vieram conversar
com ela. Elas a levaram para experimentar os deliciosos
bolos que estavam na cozinha. Beatriz comeu logo os de chocolate com muito
brigadeiro em cima. Depois o Conde Sábio a levou para conhecer sua biblioteca,
e os livros de poema de sua autoria. E, logo, a Boneca de Pano e Palha Lalá quis
fazer uma história de fada que se iniciava com o famoso “Faz de Conta”, ou
simplesmente “Era Uma Vez”.
Então, lá foram eles para o Reino das Cores
Místicas, e lá ocorreu a coroação da princesa Kaká, como uma fada das e uma das
melhores dançarinas de dança espanhola que já se vira na fantasia. Mergulharam
nas águas encatadas com a família peixe e acharam uma linda sereia lá meio
perdida. Essa os levou para um castelo de cristal onde eles podiam ser o que quisessem,
como uma princesa, uma sereia, uma bruxa ou um animal, qualquer personagem
diferente deles mesmos, mas isso só funcionava por alguns minutos. Beatriz quis
ser uma sereia por um tempo, enquanto nadava pelo reino. E assim foi feito. Com
suas caldas multicores explorava toda a água e nadava por rios, mares, lagos e
oceanos.
Mais tarde, Lalá disse que deveriam
voltar, para conhecerem o Conde Avestruz e a Condessa Pescoço Gigante. A
Condessa a convidou para uma visita em seu condado e Avestruz deu uma carona a
todos em seu bico gigante e encantado. Uns sentaram em cima e outros foram
dentro dele, como se fossem filhotes, mas ao chegarem, o conde se engasgou e
quase engoliu Zazá, mas depois de muito tossir e com uma ajudinha da esperta
boneca de Pano e Palha Lulu, Zazá foi desengasgada da bocarra daquele
desastrado de nascença. Ela jurou nunca mais viajar com ele, mas
depois que se recuperou do susto, disse que o desculpava e que ele teria mais
uma chance, mas era a última.
Ao
saírem de lá, encontraram um anjo Azul, que um dia, ao quebrar a asa, caiu perto
de Hélade, um bicho mulher muito grande que cuspia fogo quando ficava nervosa, atrapalhando
as grandes amizades, e quando se mantinha calma e alegre, cuspia corações
apaixonados para que os casais apaixonados se harmonizassem na terra. Mas, essa,
num momento de muita fúria, tentou engolir o anjo azul, que, ao escapar muito
desesperado, caíra em seu colo. Mas os demais personagens o salvaram e como o
anjinho foi muito bem tratado pelos outros que moravam na fazenda, e salvo das
garras da Hélade, não quis voltar para o céu.
Eles resolveram brincar de bola. Jogaram futebol até que uma hora a bola
escapou e ninguém sabia onde havia caído. Saíram à procura.
Passado um bom tempo, chega Conde
Sábio apavorado.
_ O saci apareceu em minha biblioteca
e avisou que a bola que vocês jogavam está na casa da malvada Hélade.
_ É verdade! Disse o Saci, ao parecer
de repente e dar um grande susto em Beatriz. Mas eu vou conversar com minha prima,
aliás, minha sobrinha, nem sei o que esse bicho é meu, minha parenta, e resolvo
isso. Vamos até lá, que ela vai devolver a bola de vocês. Mas é melhor o Anjinho
Azul ficar, pode ser perigoso, ela pode querer o anjinho em troca da bola! Quem
sabe damos sorte de ser o momento em que ela esteja cuspindo corações.
_ Tudo bem, eu fico com a Vovó Benê e
com a Vovó Babá. Mas quando pegarem a bola, avisem-me para eu jogar também.
Afirmou o anjinho.
_ Tudo combinado, anjinho! Disse o
Saci.
E lá foram todos para a casa da
Malvada Hélade, ela já estava a espera deles, e com a bola nas mãos, ou melhor,
nas patas.
_ Eu sabia que você os traria, tio avô
Saci, já estava a sua espera, eu sei que vocês querem a bola, mas primeiro
terão de experimentar a minha nova sopa. Eu acabei de fazer, está uma delicia. Mas
cadê o anjinho? Ele ia gostar tanto do meu novo tempero, o anterior não
resolveu para a sua dor de barriga, ela foi fraca. Quero dizer, ela não passou
sua dor como devia, essa sopa é bem mais quente, e seu efeito é bem melhor.
Saci desconfiado de sua prima, que não
era nada boazinha, falou que só tomaria depois que ela experimentasse na frente
dele. Ela, então, pegou um pouco em uma
vasilha e trocou de copo sem que eles percebessem. Tomou tudo e disse que
estava muito boa. Todos, então, aceitaram a vasilha que ela havia servido.
Porém, Saci com toda a sua esperteza, jogou a Hélade dentro da panela de sopa e
lhe disse:
_ A mim, você não engana, prima, pode
se coçar toda até resolver tomar um bom banho. Você queria pegar o anjinho de
nós, por isso tentou nos fazer coçar muito, mas você perdeu!! E ele nem veio
conosco, a Vovó Benê e Vovó Babá estão cuidando dele.
-
Volte aqui Saci, você vai ver! Essa não é a primeira vez que você estraga as
minhas maldades!!!
Mas, infelizmente, amanhecia na vida
real e Beatriz tinha que voltar para dormir um pouco, senão, sua mãe ia achar
que algo de muito estranho estava acontecendo com ela.
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