Aula cinco:
Forró – dançarinos de marrom
O primeiro som a iniciar é de uma sanfona, vindo do
início da sala. Começa baixo, porém agudo, como se convidasse
os participantes para adentrarem o salão. Os professores
iniciam separados, com passos curtos, se jogam de um
lado para o outro.
Após treinar, o professor orienta:
– Agora, peguem seus pares, braço firme atrás das costas
da dama. Dois para lá, dois para cá. Passos curtos, sem pular,
deixem o corpo sentir o balanço da música. E, nas explicações,
como que carregados levemente pelo som, a dupla de
marrom gira o salão. Parece que já dançavam há anos. Ensaios
perfeitos e muita sincronia. Sabiam poucos passos, era pequena
a experiência nesse ritmo. Mas mesmo com a dificuldade
e uns tropeços pelo caminho, os dançarinos iniciantes se deixavam
guiar como se puxados por cordas pelos instrutores.
Como natural numa primeira aula, a música tocava devagar.
Uma melodia mais lenta, como para justificar o pouco
conhecimento dos personagens. Deixaram-se guiar como
caminhadas. Muitas vezes, esqueciam o ritmo e tinham que
voltar ao início para retomar.
“Belo rebolado, apesar de dançar de forma tímida”,
pensava o bailarino. Mas, nada disse. Observara que sua parceira
também viera com roupa marrom. Não sabia seu nome.
Nem o das anteriores. A identidade só era revelada ao fim do
curso para não gerar constrangimentos. Entre uma aula e outra,
poderia ser que os parceiros fossem trocados.
Quando a aula já estava para chegar ao fim, apenas a música tocou. Os instrutores deixaram que os alunos dançassem livres, errassem os passos ou o ritmo, misturassem passos já aprendidos em outras aulas. Tudo era válido ali. E foram treinando os primeiros passos como na esperança da aula da próxima semana. A retomada dos ritmos já iniciados, ou novos, talvez. E o casal, ao ir embora, se preguntava, quem era ele (a)? O aroma era semelhante, a cor dos olhos parecida, quando se revelariam?
FERREIRA, E.M.M.  "Aquarela de Uma Dança, 2018,p.22 e 23).

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