Análise da dança de Corali Fernandes- Adágio
              
Ao te ver dançar a música Adágio, pude me deparar com uma historicidade que me tocou de forma muito emocionante.
          Seu corpo mudava por inteiro conforme o mesmo tocar da música, às vezes profundamente suave, às vezes desequilibrado e doido. Penso que sujeitos são esses? Que forma sujeito você representa? Quais as posições sujeito em seu corpo em uma mesma música? “São as suas possíveis, ou uma outra formulação?” (Orlandi,2004, p.14)
            Sujeito mãe que perde o filho no início, sujeito lutadora e obstinada por vingança, por ocupar um espaço que até então, só cabia ao universo. O verbal dito pelo não verbal (ORLANDI, 1995), sujeito solo, que se mistura à terra e ao chão que é seu palco, que vira seu mundo, que te recolhe maravilhosamente pequena, filha ao próprio  útero. Que logo após se solta e se desprega. Sujeito ventania, explosão, que sai de dentro de si e ocupa o espaço conquistado-terra-universo-planeta em um palco de dança que é seu mundo, nosso mundo.
          E o Adágio a tocar, a me tocar com dor, esperança e admiração, exausta em seus passos de luta, acolhida em seus passos de amor. “Sentido significado por silêncios e não por palavras” (ORLANDI, 1995, p.68).
          E assim, o ciclo recomeça a provar a historicidade de seus passos e a história de uma vida tão bem representada pelos passos de uma dança moderna. Aliado a um discurso fundador, que é a própria condição de sentido (Orlandi, 1995). A luta no estacato, a mãe no redondo, o mundo no total de nosso palco.
Que sujeito você é? Que posição sujeito você ocupa no mudar dos ritmos? Um sujeito constituído de muitos outros sujeitos.  Um sujeito representação, um sujeito teatro, sujeito dança, de quem dança com o coração.

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