CONSTITUIÇÃO DO FEMININO NA PERSONAGEM MARIA MONFORTE NA ADAPTAÇÃO DE OS MAIAS PARA A MINISSÉRIE DE MARIA ADELAIDE AMARAL
Introdução
O tema trabalhado em minha dissertação de mestrado é a constituição do feminino na personagem Maria Monforte em Os Maias, da obra de Eça de Queiroz (1888), na adaptação para a minissérie de Maria Adelaide Amaral (2001). Esse estudo torna-se importante, uma vez que analiso a constituição do feminino em uma personagem da literatura sob a ótica dos estudos da linguagem. Com esse trabalho, será possível refletir sobre o modo como o feminino é construído nessas duas diferentes materialidades - o livro e a minissérie -, com duas autorias e, com diferentes formações discursivas. Serão estudadas as semelhanças e as diferenças no modo de construção do feminino nas duas produções, tendo como foco principal de análise o modo como a personagem Maria Monforte é significada na minissérie. Portanto, a grande importância desse trabalho é analisar com uma nova ótica uma personagem polêmica de uma importante obra da Literatura Portuguesa na adaptação produzida pela minissérie.
A partir do tema proposto neste trabalho, formulei a seguinte pergunta: Como a versão da obra Os Maias, de Eça de Queiroz, na adaptação para a minissérie de Maria Adelaide Amaral constrói o feminino na personagem Maria Monforte? Para responder a esta pergunta, fiz uma análise comparativa entre estas duas materialidades diferentes: o livro e a minissérie, a partir da perspectiva dos estudos da linguagem.
Esta dissertação tem como objetivo geral trazer elementos que contribuam para a compreensão dos sentidos sobre o feminino em personagens de ficção. E como objetivos específicos, tendo como base a pergunta de pesquisa e a perspectiva teórica adotada, pretendo compreender as especificidades da minissérie Os Maias em relação ao modo como os sentidos de feminino são construídos na personagem Maria Monforte.
O primeiro capítulo trata das reflexões teórico-metodológicas compostas pelos conceitos a serem estudados para este trabalho. Tece um comentário sobre a adaptação de Os Maias para a minissérie baseado em Hélio Guimarães e no trabalho de Maria Adelaide Amaral, no qual o foco está na cena inicial da minissérie, um flashback que conta a história da família Maia, enfatizando todo o melodrama. Há a descrição do casarão onde a família morava e o diálogo entre dois personagens: Carlos Eduardo da Maia, filho de Maria Monforte e João da Ega, seu melhor amigo alguns dos personagens mais importantes.
Em seguida, apresento um estudo sobre o feminino, sobre a personagem focada nesta dissertação, Maria Monforte, e suas formas como mulher idealizada, fêmea, amante, ou qualquer ser pior que um animal, cujo foco é o seu poder de sedução. Para tal estudo, apresento a trajetória do feminino baseada em Beauvoir, a qual se divide em três fases: biológica, psicanalítica e do materialismo histórico. Baseio-me também no texto de Orlandi intitulado “Formas de Individuação do Sujeito feminino e a Sociedade Contemporânea: o caso da Delinquência”, no qual trata das boqueteiras. Tendo em vista a mulher fêmea, traço algumas comparações com a personagem Maria Monforte. Posteriormente, discute-se a mulher sob a ótica de Brandão, que foca em seus estudos as personagens femininas da literatura, além de enfatizar a sedução.
Em seguida, são apresentadas as leituras feitas em teatro, cinema e literatura e adaptação literária com um estudo de Pavis, autor, que por sua vez, mostra conceitos importantes para meu estudo ao explicar o processo de adaptação ou de transposição de uma materialidade para a outra. Além de conceitos como silêncio, suas formas e os sentidos.
Sobre o conceito de adaptação, baseio-me no texto intitulado “Abril Despedaçado” da professora Maria Onice Payer, que trata da adaptação de diferentes materialidades, além de focar nos deslizamentos de sentidos e nos processos metafóricos. Também utilizo-me de conceitos como memória, discurso, ideologia, o verbal e o não verbal.
O capítulo dois proporcionou-me estudos mais focados nos recortes da minissérie, com ênfases em descrições e análises. Foram selecionados três recortes do livro e da adaptação para a minissérie. Nas duas primeiras, a sedução é analisada de acordo com os conceitos de memória e historicidade e a terceira, no ato de negação.
Por fim, remeto-me às considerações finais.
Após esta exposição, convido os leitores para desfrutarem de minhas leituras, análises, incluindo o DVD, que expõe o material analisado. Espero mostrar aos leitores,a satisfação que tive em escrever esta dissertação!

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