Capítulo Três: O Relacionamento


Um pequeno interesse começara. Mas será que era a mesma? Não era a mesma cor. E como de costume, dançara de máscara. Algo acontecera. Ela tropeçou. Isso nunca ocorreu: um erro em suas danças. O dançarino estava realmente preocupado. Pensara que ela poderia estar insegura. Afinal, o ritmo era novo, mais difícil. Um dos dois não tinha a mesma cor. A dança fluíra menos. Enfim, a música terminou.
Preciso mostrar quem eu sou, pensara o dançarino, apreensivo. Mas não o fez. Algo estava muito diferente. Um perfume trocado. Errara de parceira talvez? Era única, mas com roupas muito semelhantes, alguns corpos eram bem comuns. Havia semelhanças mínimas entre todas. Maquiadas, de roupas iguais e com caras levemente tampadas, era possível, sim, ocorrer um equívoco.
Fizera, então, sinal para outro bailarino e pediu com os olhos que lhe cedesse a parceira e, após duas trocas, os outros companheiros, gentilmente, o copiaram. Iniciaram trocas de cores e de damas. Buscavam incessantemente a parceira que mais lhes satisfaziam, no momento, ou na dança em geral. E assim, a aquarela foi se movimentando como uma brincadeira de roda, até que a música cessou e os pares ficaram onde estavam: imóveis como num jogo de estátua. Petrificados como bailarinos de caixa de música que não se deram corda. Mas os olhares eram levemente trocados (...)

Início do capítulo três do meu livro "Aquarela de Uma Dança", lançado em 2018.

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